O laboratório da história mostra em que condições a história se tende a repetir. O que se passa hoje com os chamados PIGS's (Portugal, Ítalia, Grécia e Espanha) e se vai passar num futuro próximo com os países do centro-leste europeu que aderirem à moeda única, o Euro, recalca situações politico-financeiras de um passado não muito longínquo.
A imposição da condição de protectorados, em 1882 da Grã-Bretanha ao Egipto, em 1904 da Grã-Bretanha ao Kuwait e em 1912 da França a Marrocos, aconteceram numa situação de dívida gigantesca desses estados às potências imperiais da época. França e Império Britânico receberam em troca a soberania desses território e assumiram governo dos destinos dos seus novos protectorados.
Em 1989 o mundo conheceu uma situação de reunificação de dois estados, República Democrática da Alemanha (RDA) e República Federal Alemã (RFA), uma rica, poderosa e bem sucedida (RFA) e outra pobre, económicamente e politicamente inviável (RDA). O resultado da reunificação foi, como realça o economista Pedro Arroja, "falências e desemprego generalizados na Alemanha de Leste, emigração maciça dos alemães orientais para a Alemanha Ocidental, e o controlo político da Alemanha Oriental pela Alemanha Ocidental". Será isto que irá acontecer com os PIGS's.
Em Portugal e nos PIGS o endividamento ao exterior é cada vez maior e mais caro. A auditora Standard & Poor's, uma das mais conceituadas do mercado, já avisou poder rever em alta o risco de crédito de Portugal e colocou a dívida nacional sob vigilância negativa. A acontecer, e aliado ao endividamento galopante (Medina Carreira estima-o em cerca de 48 milhões de euros ao dia!!) isto significará que em breve o país produzirá para pagar os juros das dívidas...
Os credores desta dívida serão essencialmente a Alemanha e outros países nórdicos, que chegarão a uma altura onde terão de começar a cobrar. E intervir caso, como se prevê, os PIGS representem uma ameaça à estabilidade do Euro. E será ai que de estado de soberania limitada, que é hoje Portugal, passaremos a estado sem soberania, ou seja, um protectorado de Bruxelas e Berlim tal qual um Kosovo ou Montenegro. Mil anos de história derramados por europeístas, mais ou menos convictos, nascidos da abrilada e que não se importarão muito com tudo isto, pois deverão manter o seu statos, agora como testas-de-ferro dos novos Senhores.
14/01/2009
De devedores a protectorados, de credores a senhores
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1 comentário:
http://www.telegraph.co.uk/finance/globalbusiness/4285331/Help-Ireland-or-it-will-exit-euro-economist-warns.html
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