"Sendo um apologista da ideia de Eurásia como contraposição ao Atlantismo, ainda considero esta como uma solução perfeitamente válida e só agora, com o (re)nascimento da Águia compreendo que nunca considerei a Lusofonia - encarnada na realidade da CPLP - por uma questão geracional [...] não conheci o Portugal lusófono, mais que isso: herdei toda uma culpa de um passado que muitos pintam em berrantes cores como colonizador, imperialista e por vezes até racista e esclavagista, um legado demasiado pesado para a minha geração. Não! A solução teria de ser outra, o antagonismo que me surgiu como sendo mais cálido foi a ideia de Eurásia [...].
Um jovem português que procura soluções na fria Sibéria [...], soluções concebidas longe do pátrio solo, soluções pensadas como novos impérios que contraponham o Atlantismo ocidentalista do Império estadunidense e do Estado europeu, a famosa União europeia que transformou Portugal numa mera região comunitária com os resultados que estão à vista: miséria, pobreza, depressão e desespero.
Ah, a Lusofonia... tão ancestral, tão presente... uma ideia tão antiga, embora ainda maculada com os fantasmas do passado, complexos de colonizador por parte de uns e complexos de colonizados por parte de outros. Uma ideia antagonista realmente original, uma ideia - e uma alternativa . despojada de quaisquer desejos de Império, tão irrelevantes são consideradas as nações lusófonas individualmente, uma alternativa já em construçao - embora demasiado estática ainda - desde a formação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa [CPLP]. Mais que isso, uma ideia verdadeiramente nacional, inspirada na obra dos nossos antepassados enas aspirações dos nossos autores.
A Lusofonia surge como a mais lógica, e racional, alternativa ao Atlantismo. Uma comunidade cultural variada - tendencialmente oriental - que contraponha a uniformização mundial do Atlantismo, que ao ritmo actual já nos tem a todos a comer, ler, ouvir e a vestir o mesmo, vivamos em Lisboa, no Corvo, em Vladivostok, em Caracas, no Zambeze ou em Dili.
Com base no passado português a Lusofonia é uma realidade tão presente que nem devia ser discutida, está aqui, existe, há que aproveitar o que há em vez de sonhar eternamente com o que não há, em xenofilias utópicas que por mais belas que aparentem ser não são reais, residem apenas no campo teórico.
O Pan-Latinismo e a Eurásia são alternativas válidas ao Atlantismo? Sim! Certamente, mas apenas na teoria, a Lusofonia já cá está!"
Flávio Gonçalves, A Lusofonia, o Pan-Latinismo e a Eurásia como alternativas ao Atlantismo, in Nova Águia, Nº2. 2008, p87-88.
25/11/2008
A Lusofonia, o Pan-Latinosmo e a Eurásia como alternativas ao Atlantismo
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