Começou como sendo a crise do subprime, alastrou ao mercado financeiro e empurrou para o charco os maiores bancos comerciais e de investimentos do mundo. E outros se arriscam a seguir idênticos percursos - o cidadão comum de classe média que joga na bolsa (sim, porque na bolsa não se investe, joga-se), o empreendedor que investiu (não é jogar) na sua PME, o Estado que mal governado (inadvertidamente ou deliberadamente quase sempre) se descapitalizou e promoveu o consumo desenfreado e até a multinacional que arrisca a de um dia para o outro ver as suas vendas trocadas por poupanças.
É, a partir de tal ponto, que toda uma economia esta ameaçada. Desemprego, inflação, crises sociais - fenómenos graves - mas também remediáveis, cíclicos e a curto prazo substituídos por épocas de prosperidade. É isso que a história nos transmite, e em entrelinhas nos ensina que o sistema capitalista liberal - sejamos ou não seus defensores temos de admitir - tem conseguido ultrapassar as maiores crises da sua já respeitável existência.
Mas como prudência e racionalidade são fundamentos essenciais para observar, compreender e tentar prever acontecimentos futuros, uma situação de hecatombe que ultrapasse a mera crise financeira e crise económica tem de ser posta em hipótese. Essa hecatombe terá origem não financeira ou económica, mas sim ideológica e política. Será quando acabar a confiança no sistema, a credibilidade da moeda, a esperança nos políticos e o abandono das ideias pilares doutrinais do sistema acontecer. Tal como sucedeu a partir de 1986 no antigo Império do Mal (URSS), pode ser hoje o mundo neo-liberal a arriscar a sua falência, o que interessa pois evitar.
Timidamente nascem as primeiras críticas ao sistema, e embora muitas vezes venham dos revolucionários de esquerda que se atropelam e empolgam sempre contra tudo e todos, também figuras já comedidas e responsáveis apregoam uma mudança no sistema. David Ricardo e Adam Smith com os seus modelos liberais são condenados pela ausência de intervencionismo. E se da parte de alguns ventila-se o nome do autor de Manifesto do Partido Comunista e O Capital, Karl Marx como inspiração à alternativa, muitos mais falam de Keynes e do seu estado regulado como a via a seguir.
Mas o nome de um dos maiores pensadores económicos de sempre, com obra feita e de grande êxito, não é nunca referênciado como alternativa, por nenhum dos economistas e comentaristas que li ou ouvi até à data. E interrogo-me porquê, sem no entanto conseguir atingir respostas suficientemente conclusivas. Friedrich List, foi um dos maiores economistas da história do séc. XIX, reponsável pela estrutura e organização económica do que é hoje o segundo maior exportador mundial (ultrapassado este ano pela China) e a maior economia da Europa, a Alemanha. Passou por três guerras, e voltou a surgir sempre mais poderosa do que tinha sido anteriormente. Um modelo de organização professado, forte o suficiente para minimizar drasticamente grande parte dos efeitos nocivos de uma grande crise. Um modelo a seguir, especialmente para Portugal, que pode aproveitar a sua CPLP e criar ente si a sua Zollverein, com inúmeras vantagens para todos os estados-membros, nestes mais que nunca conturbados e imprevisíveis tempos de globalização.
16/10/2008
Crise 2008 - ...
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