"É claro que ouvi falar disso. É o último auto de fé que foi feito em Portugal. Foi de uma estupidez infinita. Os professores em geral não queriam [cumprir as instruções do Ministério] e muitos guardaram os livros. Mas quem é que ousava protestar sem ser logo caluniado? Eu próprio não o fiz. Era pobre, não tinha nenhuma reforma, e concerteza que me mandavam para Caxias. Tinha amigos lá presos por menos do que isso. Até 25 de Abril de 1974 havia 88 presos em Portugal; três meses depois eram três mil. A liberdade acabou com o 25 de Abril. Vivemos um momento de crepúsculo. Hoje temos uma escola que dá licenciaturas para não trabalhar. Se não houver uma reacção sadia, o sol deixará de brilhar."
José Hermano Saraiva, antigo Ministro da Educação, historiador, autor do programa Horizontes da Memória, na RTP, falando àcerca da queima de livros ordenada pelo Ministério da Educação nas escolas durante o PREC. In Público, Domingo 24 de Julho de 2005
26/05/2008
Auto de Fé 1974
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