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03/02/2010

FMI Quer Reduzir Salários 10% em Portugal

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, repetiu ontem a sua fórmula favorita para tirar Portugal da crise: o país tem de baixar salários para ser mais competitivo. A par de possíveis subidas de impostos e cortes nas pensões, o esmagamento salarial é encarado como uma das vias para impulsionar as exportações e limitar o endividamento recorde da economia. A proposta colhe pouco e sempre gerou muita polémica pois Portugal é, há vários anos, o país europeu com maior peso dos salários na riqueza produzida.

De acordo com dados da Comissão Europeia, os salários pagos (despesa dos empregadores com trabalhadores) representaram em média na última década 72% do produto interno bruto, o nível mais elevado da Europa. Isto acontece pois a economia assenta em actividades pouco sofisticadas e produtivas, intensivas em mão-de-obra menos qualificada.
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Há vários anos que Blanchard, economista do Massachusetts Institute of Technology (MIT), segue de perto a economia portuguesa. Em 2006 publicou o artigo "Ajustamento ao euro. O difícil caso de Portugal", no qual sugeria que a economia teria de abraçar uma redução salarial nominal significativa (sem contar com a inflação) e que esta deveria ir até aos 10% ou mais. Recomendava que Portugal se especializasse no turismo sénior e serviços de saúde para idosos ricos, em vez das altas tecnologias. Ideias que foram recebidas com frieza pelo governo socialista e pelo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio.
Jornal i

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