Somos Decadentes

fig. Conquista turca de Constantinopla e fim do Império Romano do Oriente.


Em 1453, enquanto os turcos tomavam de assalto Constantinopla, as altas entidades encontravam-se reunidas numa discussão teológica sobre se os anjos tinham ou não sexo.

Em 2009, no extremo oposto do continente europeu e da civilização europeia, Portugal debate-se com uma forte crise estrutural. Atacado pela corrupção, perdeu quase todos os factores produtivos e consequente capacidade de produção. Já não produz para consumir e exporta para criar riqueza: endivida-se para consumir. A dívida pública e a dívida externa não páram de crescer, ameaçando retirar todo o crédito ao país. Somos governados por corruptos, mas de baixo nível. Pilha-galinhas de fato e gravata. Enriquecem em ligações público-privadas sem qualquer decoro. Escondem os números da dívida pública real, tapando as empresas públicas e autarquias com uma peneira. Enganam o défice e aldrabam as contas da segurança social, que não tem segurança nem dinheiro para ser social. Nos índices de desenvolvimento humano, de liberdade de expressão, de corrupção, recuamos a cada nova tabela. Um quinto dos jovens está desempregado, sem perspectivas de futuro. O que vale é que o povo é sereno, até o Pinheiro de Azevedo se chatear e entrar em greve.

E para solucionar isto que se faz? Monta-se a tenda de circo em São Bento. Os palhaços já lá estão, desejosos de actuar. A Grande Porca entra em acção, desta vez sem o Rafael. O estado já é laico e secular, como Robespierre e Lenine propagandeavam, por isso de anjos não se fala. Mas os militantes desta religião cívil parida em Bastilha têm as suas questões teológicas, e nada melhor que mete-las em cima da mesa para combater a Crise Internacional. Dar pão para as bocas estarem cheias a discutir. Dividir para reinar. Entreter. Primeiro o casamento entre indivídos do mesmo sexo, depois a regionalização, a transexualidade e a eutanásia.

Cavaco Silva, rei constitucional, avisa bem mas nada faz. Porventura não está destinado a ser o Presidente-Rei, que morre bem mas pede para salvarem a Nação.

Desmantelar, Destruir e Dividir, são os três D's de quem reina.