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29/05/2010

Quim Barreiros, os gays, e a liberdade de escolha


Está a causar grande frisson o novo hit musical de Quim Barreiros, denominado “um-casamento-panasca-com-muita-animacao”, entre a comunidade LGBT. 

Segundo Paulo Jorge Vieira, da associação Não Te Prives, “este é um registo de um cantor profundamente sexista, que usa palavras que são claramente usadas como fonte de discriminação contra a qual lutamos”. Também João Carlos Louça, activista das Panteras Rosa, considerou ao JN que Quim Barreiros “acrescenta ao extremo sexismo de composições anteriores, a homofobia mais primária, no mau gosto de sempre. Ele próprio tenta vender um estereótipo de macho latino boçal, que nada corresponde à percepção que hoje o conjunto da sociedade tem dos temas da igualdade e dos direitos humanos”.

Não deixa de ser verdade que talvez Quim Barreiros se tenha excedido desta vez na letra da sua música, defendendo no entanto a sua visão da sociedade, num registo tipicamente popular, pois segundo o artista "fiz uma cantiguinha usando o português corrente, porque o meu público não vai à Gulbenkian". Ou não fosse este um artista popular português que rende sobretudo nas camadas mais baixas da nossa sociedade.

Não deixa de ser curioso que os grandes arautos da liberdade de escolha do século XXI, os activistas homossexuais. queiram silenciar quem lhes faz frente, seja num registo calão ou mais erudito, usando o instrumento da ridicularização e da insinuação afirmando repetidamente que quem é contra o casamento gay ou o modo de vida gay "terá com certeza uma sexualidade mal resolvida". Chocante ainda que se afirmem como representativos da maioria da sociedade portuguesa, quando sistematicamente rejeitaram a ideia de um referendo ao casamento entre pessoas do mesmo sexo.

Mais curioso ainda que os grandes paladinos da liberdade consideram chocante a letra da música de Quim Barreiros, mas tenham ao mesmo tempo a audácia de encenar casamentos gays em frente à Assembleia da República (com direito inclusivamente a vestido de noiva e beijo) e organizar paradas carnavalescas, onde placards como "homem verdadeiro, leva no pandeiro", ou "sou gay por isso sou feliz" são banais. Na sua perspectiva isso já não pode ser considerado chocante, porquanto se constitui como liberdade de expressão. Tanto como a letra da música de Quim Barreiros acrescento eu.

Assim, com estes escândalos encenados os homossexuais vão assassinando aquilo que mais defendem como necessário: o pluralismo e a liberdade de escolha. Ser homossexual é uma escolha de vida. Tal como não apoiar esta escolha, ou mesmo critica-la é também uma escolha. Quem não compreende isso é que está fomentar dialécticas de radicalismo e de intolerância. Não o Quim Barreiros, nem a sua música.

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