O 1ºministro português e o seu recente aliado político, Pedro Passos Coelho, decidiram na passada semana um pacote de medidas de combate à crise que, sem grande surpresa, austeriza a grande maioria da população portuguesa, já de si empobrecida e sem poder de compra e deixa praticamente ilesos aqueles que mais têm.
Através deste pacote de medidas o governo procura remediar os danos causados por 36 anos de uma festa de despesas, que não é correspondida por um consequente aumento de produtividade e riqueza gerada no país: pelo contrário, para alimentar todo esse fausto despesista o país recorreu ao crédito estrangeiro, hipotecando a pouca riqueza produzida no país, simplesmente para pagar os juros deste crédito, que lhe permite sobreviver artificialmente e irresponsavelmente.
O chamado PEC (Pacto de Estabilidade e Crescimento), nos contornos em que está delineado, ameaça tornar-se um PIE (Pacto de instabilidade e estagnação). Destruindo a classe média, afogando-a em impostos e cortes (IRS, corte de pensões), o país verá o consumo ser drasticamente reduzido; o mais provável será que as famílias comecem a poupar o pouco que têm, gastando dinheiro em artigos unicamente essenciais à sua sobrevivência quotidiana. As empresas com certeza sentirão na pele esta redução drástica de consumo, ao que se juntará uma maior taxação sobre os seus próprios lucros (IRC). Empresas que, eventualmente, poderão ser formadas terão de ser objecto de uma rigorosa ponderação entre todos os associados, porque o mais provável com este panorama será que as empresas abram para fechar, pois não conseguirão aguentar a enorme carga fiscal que sobre elas se abate.
Em termos muito concretos este chamado PEC, que eu prefiro chamar PIE, não vai mais do que afogar o tecido económico português , pois reduzirá o consumo das famílias, estimulando a sua poupança e travando a produção empresarial de bens de consumo, ou a própria criação de empregos, concentrada sobretudo nas pequenas e médias empresas, que pensarão duas vezes antes de abrirem.
Em resumo é um PEC de um país governado por indivíduos que cedem muito pouco nos seus muitos benefícios, mas querem muitas cedências daqueles que simplesmente nada mais podem ceder, porque não têm. Reduzir 300 euros no salário de um individuo que recebe 5000 euros mensais é manifestamente pouco. Reduzir 20 euros no salário de um individuo que recebe 800 euros por mês é muito. Pelos vistos somos governados por indivíduos que não conhecem o país real, nem as consequências das suas medidas para todo o tecido económico português. Esperemos que não tenham de perceber à força.
17/05/2010
Pacto de instabilidade e estagnação
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1 comentário:
Excelente! Vamos viver, por entre apelos a um patriotismo bacoco, um Pacto de Instabilidade e Estagnação!
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