Dez anos depois, A Cartilha está de volta.

17/05/2010

Trabalho tapa-buracos


Os desempregados com subsídio de desemprego vão ser obrigados a prestar serviço à comunidade em instituições públicas ou do sector social durante 15 horas semanais, distribuídas por três dias úteis, caso seja aprovada a proposta do PSD para tornar obrigatória a prestação de um "tributo solidário".
Os encargos com transporte, subsídio de alimentação e seguro de acidentes pessoais seriam suportados pelas entidades promotoras.


http://www.psd.parlamento.pt/news_v.asp?id=867

O PSD na figura do seu líder, agora aliado do Partido Socialista e das suas medidas baseadas, não em pessoas, mas em números e estatísticas, num passo de mágica revela a sua face: não é uma alternativa ao PS, é um complemento ao mesmo.

Seria bom que o PSD encontrasse medidas tendentes à redução do desemprego de um modo estável e remunerado, condição inalienável e prevista na Constituição Portuguesa: ao invés propõe medidas baseadas no trabalho voluntário e gratuito, o verdadeiro tapa-buracos que as entidades promotoras adoram pois têm um colaborador a trabalhar para si num regime não remunerado, não tendo por isso necessidade de contratar ninguém a quem pagar. É o chamado 2 em 1.

O PSD parece ignorar que o subsidio de desemprego é um direito que assiste TODOS os trabalhadores com descontos iguais ou superiores a 6 meses de trabalho, não sendo portanto propriamente uma benesse do Estado português. Do mesmo modo todos têm direito à sua dignidade profissional e pessoal, e isso inclui ser remunerado pelo seu trabalho.

O PSD pretende que subsidio de desemprego deixe de ser um direito e passe a ser mais um trabalho precário, ou um sub-emprego. No país dos precários era só o que nos faltava.

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